Processo seletivo nos Estados Unidos — 10 dicas do ponto de vista brasileiro
O processo seletivo nos Estados Unidos é diferente do Brasil? Sim, porém nem todas as empresas são iguais, nem aqui e nem nos Estados Unidos. Farei uma comparação de forma geral. Mas é bom ficar antenado nas mudanças no mercado visto que o trabalho está mudando, em ambientes cada vez mais colaborativos e flexíveis.
Saliento que estas foram as minhas percepções obtidas através do que tenho aprendido, lido, e vivenciado tanto na procura e efetivação de emprego no Brasil e nos Estados Unidos, quanto na condução de processo seletivos. Não são regras, são dicas que podem ajudar a qualquer pessoa no seu processo de adaptação.
Me inspirei em escrever estas dicas nos posts do The Muse no Instagram, uma startup na área de recursos humanos, que dá várias recomendações para buscar sucesso na vida profissional, tanto na busca por empregos quanto no desempenho e propósito no trabalho. Vamos para as dicas então!
Dica 1: One page resume
Seu currículo deve ser somente uma página na maioria dos casos. Atualmente os recrutadores recebem milhares de currículo para uma vaga e mesmo após a triagem não tem muito tempo para ler todos os selecionados. Nos Estados Unidos é esperado que só tenha uma página, diferentemente que no Brasil que não tem uma delimitação usual. Portanto, o currículo deve ser direto, claro e com informações relevantes para a vaga. Então procure entender a função e o que os recrutadores esperam do candidato, assim como a cultura da empresa. Avalie os seus pontos fortes relacionados à vaga, assim como as experiências, e opte por um modelo de currículo que melhor se adeque e que caiba em uma página.
Dica 2: Colocar menos informações pessoais no currículo
Nos Estados Unidos é levado muito a sério a condução do processo seletivo sem discriminação por raça, cor, gênero, idade, religião, dentre outros. Desta forma, não é comum colocar foto, data de nascimento, estado civil ou número de filhos, como é aqui no Brasil. Claro que dependendo da vaga isso pode ser usado por questões inerentes ao cargo, mas na maioria dos casos não é. Alguns recomendam até não colocar endereço residencial, somente colocar telefone e endereço de email.
Dica 3: Seu currículo deve focar nos seus accomplishments
Esta dica serve tanto para procurar emprego aqui no Brasil quanto nos Estados Unidos. Porém, na minha experiência selecionando currículos para entrevistas, percebi muito mais a prática de colocar somente as responsabilidades nas funções que o candidato exerceu, ao invés de salientar as conquistas e resultados alcançados nessas funções. Uma dica extra é manter sempre seu currículo atualizado, pois depois de um tempo acabamos esquecendo as nossas conquistas (mas dificilmente esquecemos os fracassos).
Dica 4: Use palavras ativas no currículo
Seguindo a ideia da dica 3, use palavras ativas para expressar suas conquistas, elas dão mais ênfase a sua ação assim como vida ao currículo. Existem várias formas e palavras de dizer as mesmas coisas então abuse da procura por sinônimos e é sempre bom verificar se aquela palavra é utilizada normalmente naquele contexto. Sendo assim, não fique somente no “fiz isto”, “fiz aquilo”, mostre que tem atitude!
Dica 5: Dedique tempo para escrever um cover letter
No Brasil normalmente é chamada de carta de apresentação, alguns processos seletivos recomendam, mas no geral não é muito enfatizada a sua importância. Procurar emprego é um processo cansativo, elaborar um currículo para cada tipo de vaga já é trabalhoso, fazer uma carta de apresentação é ainda mais. E se a carta não for bem redigida é melhor nem entregar. Portanto, escolha as vagas que são mais próximas dos seus interesses ou que têm mais chances de ser selecionado e dedique tempo na elaboração da carta. Não repita o que está no seu currículo, acrescente mais informações e busque relatar pontos que sejam relevante para vaga, que sejam seu diferencial. E sempre termine a carta informando que está à disposição para futuros contatos, como mostram os exemplos:
Dica 6: Prepare-se para as perguntas durante a entrevista
Esta dica também é válida no Brasil, porém quis dar maior ênfase neste ponto, pois em muitos casos as entrevistas no Brasil são conduzidas de uma forma mais informal. As perguntas durante o processo seletivo, muitas vezes não são bem estruturadas e acabam sendo mais uma conversa que uma entrevista propriamente dita. Porém, nos Estados Unidos normalmente as entrevistas são formais e há perguntas que frequentemente são feitas por recrutadores. Para estas, tenha sempre a resposta na ponta da língua, por exemplo “tell me about yourself”, “what is your greatest strength?”, “what is your greatest weakness?”, “how do you manage your priorities?”. Essa é a hora do seu pitch e não é uma pergunta inesperada. Procure sites e aplicativos com perguntas mais frequentes e pratique. Uma dica extra é estar preparado com perguntas para os entrevistadores, pois normalmente eles terminam dizendo “do you have any question for us?”, isto mostra que tem conhecimento da vaga e da empresa.
Dica 7: Planeje-se para a entrevista
Quando somos chamados para uma entrevista no Brasil normalmente consideramos que o recrutador já tem nosso currículo, porém é boa prática nos Estados Unidos levar cópias do seu currículo, normalmente impresso em papel com uma gramatura maior que papel sulfite. Você pode ir na papelaria e solicitar por “resume paper” que saberão te indicar. Mesmo que não peçam pelo currículo, só o fato de verem que foi preparado mostra profissionalismo. Use um portfolio folder/padfolio que são pastas onde em um lado pode colocar o currículo e do outro tem um bloco de papel. Use o bloco de notas para fazer anotações durante a entrevista, é permitido e bem vista essa prática nos Estados Unidos.
Dica 8: Dress to impress
O traje recomendado nos Estados Unidos é formal. Podem ter vagas que seja demais ir vestido formal, mas recomendo ir mais arrumado que os empregados normalmente se vestem. Não esqueço que aqui no Brasil fui fazer uma entrevista, que posteriormente fui aprovado, para uma vaga de engenheiro. Como era uma das primeiras entrevistas que fiz no Brasil depois que voltei, segui a etiqueta americana e fui de terno e gravata, mesmo sendo verão no nordeste. Posteriormente, após começar a trabalhar na empresa, meu chefe falou que não esperava que iria tão arrumado, mas que isso causou uma ótima impressão. A primeira impressão é muito importante então esteja pronto para causar!
Dica 9: Thank you nunca é demais
No Brasil não é muito comum enviar thank you letters para recrutadores e em geral. Mas nos Estados Unidos é prática usual e esperada por alguns. Sugiro que não envie logo após a entrevista mas também que não seja muito depois. Recomendo uns 2 dois dias depois, pois é o tempo que os recrutadores ainda estarem analisando os candidatos e também relembram a eles o seu interesse na vaga. Por isso é bom anotar os contatos ou cartão de visita das pessoas que participaram da entrevista. Segue abaixo um exemplo da carta de agradecimento.
Dica 10: Be yourself
Todas estas orientações podem ser overwhelming mas depois de participar de alguns processos tudo isto se torna familiar. O importante é avaliar cada situação e se adaptar, mostrando quem você realmente é. Somente o fato de sairmos do Brasil para buscar o sucesso em outro país já é um diferencial, mostra coragem e determinação. Então valorize a sua história, cultura e seu potencial em fazer a diferença em sua nova casa, be yourself!
Estas dicas são somente a ponta do iceberg, sugiro que pesquise mais a fundo cada uma delas para se preparar para as oportunidade que estão à sua espera. A FH Traduções oferece um serviço de análise e revisão de currículo em inglês que auxiliará na busca pelos seus sonhos.
Fique à vontade para fazer algum comentário, especialmente se foi útil ou não e se alguma destas práticas mudaram. Espero que estas 10 dicas ajude no seu processo de adaptação e tenho certeza que você vai alcançar muito mais do que imagina.
